segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ESPERANÇA: NATURAL DESÍGNIO DA ALMA

Esperança, tela de G. Watts, 1885



Esse texto é de Paulo Urban, publicado na Revista Planeta nº 389 de fevereiro de 2005.   Paulo Urban, é médico psiquiatra, e fundador da Psicoterapia do Encantamento. 
 

Dentre todos os arquétipos do Tarô, entendo ser “A Estrela”, Arcano XVII, aquele cuja metáfora mais nos toca intimamente, posto que encerra uma lição fundamental a ser assimilada por todo peregrino que deseja fazer cumprir os seus desígnios nesta difícil jornada em que se traduz nossa existência.


Esperança, tela de G. Watts, 1885
Esperança, tela de G. Watts, 1885
Isto porque a esperança, significado oculto desta carta, muito distante do conceito popular que a trata como a “última que morre”, antes é virtude que alimenta a alma em sua sempiterna evolução, constituindo-se num dos raros aspectos capazes de conferir à essência anímica seu quê de imortalidade.
A esperança, sutil arcabouço de nossa estrutura psíquica, nobre em seus propósitos, reúne em si delicada dupla função (que somente ela própria pode executar com natural discrição e ousadia), visto que se propõe a nos servir de tábua de salvação quando quer que nos vejamos num mar de desespero, ao mesmo tempo que nos estimula a descobrir em nosso âmago a coragem perdida, capaz de nos projetar sobre os abismos que precisam ser transpostos.
Isto faz do Arcano XVII um núcleo de luz, como a propósito são as estrelas, de onde parte a orientação para todo aquele que decida visitar-se interiormente, na ânsia por sinais que lhe direcionem melhor em sua viagem arquetípica, passo a passo pela vida.
A 17a carta do tradicional tarô de Marselha nos mostra uma jovem nua, ajoelhada sobre a perna esquerda, entretida em verter o líquido azul de duas ânforas vermelhas sobre o leito de um rio que passa à sua frente, elemento contrastante com o solo arenoso da paisagem que se encontra à sua volta, sobre o qual vemos dois arbustos e uma gramínea plantados de modo esparso. Nossa personagem acha-se voltada para a esquerda, com o pescoço ligeiramente arqueado, insinuando dobrar-se sobre si mesma, denotando com sua postura que ela vivencia um processo introspectivo, centrada que está, entregue à sua solitária condição, procurando relacionar seu mundo emocional (ou seu inconsciente pessoal), representado pelas águas que escoam de seus cântaros, com o psiquismo coletivo, implícito na imagem da grande água que recebe dela os conteúdos de seus jarros, englobando-os.
Arcano XVII - Tarô de Marselha
Arcano XVII - Tarô de Marselha
Seus cabelos, que lhe caem livremente sobre os ombros, são azuis e ondulados, e sugerem a imagem de uma cascata, a potencializar o caráter intuitivo deste seu ato de precipitar as águas próprias nas que se põem à sua frente. Convém explicar: no tarô de Marselha, interpretamos o azul como a cor dos processos inconscientes e emocionais; já o vermelho associa-se a funções conscientes e racionais.
A mulher despida suscita o arquétipo da alma humana, imaculada em seu estado natural, ingênua e imatura também, inconsciente de si mesma, mas prestes a sofrer uma experiência que a marcará indelevelmente, desde que aceite trocar esta sua condição de indiferenciação da fonte primordial com a qual ela comunga pelo caminho de dor e de escolhas que forçosamente a fará evoluir e transformar-se. A Estrela, particularmente, celebra esse momento cósmico em que a alma humana, absorta em sua introversão, acha-se completamente integrada à natureza divina de que é dotada, e contempla-se a si mesma, posto que vê seu rosto refletido nas águas primordiais.  
Com absoluta discrição, a Estrela revela-nos ainda três mandalas, símbolos da totalidade psíquica, a expressar a harmonia dinâmica entre o psiquismo humano e a ordem cósmica universal, própria de uma condição edênica como a que o Arcano XVII representa. A primeira delas depreende-se da postura assumida pela jovem que, com ambos os braços e as pernas dobrados, sugere desenhar a figura da cruz suástica, elemento mandálico presente em culturas milenares ocidentais e orientais. A Estrela guarda ainda a particularidade de ser o único Arcano em que os quatro elementos da natureza se reúnem (terra, água, fogo e ar, este último ressaltado pelo pássaro, símbolo também da alma, pousado sobre o arbusto da esquerda), de modo a denotar a segunda mandala oculta. Já a terceira, podemos observá-la no conjunto de 8 estrelas que brilham numa formação quadrangular na metade superior da lâmina; isto porque o 8, número do equilíbrio e da Justiça (Arcano VIII), acha-se eqüidistante ao 4 e ao 12, que, por excelência, dão-nos a idéia de algo cíclico e completo, fechado em si mesmo, haja vista as 4 estações e os 12 meses do ano, por exemplo.
Essas estrelas, sete delas menores, organizadas em torno de uma de maior brilho, tanto conferem nome ao Arcano quanto representam sua lição oculta, que jamais deve ser esquecida: elas são nossa esperança, capital virtude, espécie de certeza subjetiva de que as almas nascem dotadas, única capaz de iluminá-las e orientá-las em sua difícil missão de compreender-se, processo este que envolve extremos desafios.
Arcano XVIII - Tarô de Marselha
Arcano XVIII - Tarô de Marselha
Isto porque nossa jovem não tem sequer consciência dos perigos que lhe farão frente no capítulo seguinte da jornada, o Arcano XVIII, “A Lua”, cujo arquétipo bem representa nosso mundo sombrio, inconsciente e profundo, dotado de potenciais inatos e vesânicos, capazes tanto de aniquilar quanto transformar o ego. A Lua diz respeito aos porões da alma e assinala o tanto de armadilhas e labirintos psíquicos que jazem latentes em nosso interior, capazes de nos iludir e nos prender sempre que nos propomos a atravessar visceralmente as trevas pessoais, visto que nunca escapamos à sina de fazê-lo senão por caminhos tortuosos e dolorosos que, em compensação, cumprem levar-nos a um grau sempre crescente de autoconhecimento.
Claro, muitos são os que se perdem ou sucumbem ao enfrentar as trevas. Tal perigo sempre existe e não podemos ser hipócritas diante da dura realidade do mundo anímico. De modo prático, vemos exemplo disso naqueles que se deixam tomar por quadros depressivos graves e que, entregando-se a um processo mórbido vicioso, acabam num estreitamento existencial que não permite enxergar as perspectivas nem os novos horizontes que sempre nos esperam mais adiante.
Tal situação, por demais comum nessa época conturbada que vivemos, em que muitos perdem os próprios referenciais em meio a uma declarada crise de valores, exige certamente o apoio de familiares e amigos, quando não, sobretudo, um tratamento clínico especializado. Independentemente disso, porém, uma parcela dos que se perdem nos subterrâneos de si mesmo durante as provações do drama anímico, infelizmente evolui para situações de desespero; alguns chegam mesmo à conclusão de que vivem uma vida sem sentido e se colocam à beira do abismo suicida.
De fato, todo processo introspectivo voltado ao desenvolvimento anímico pode estar fadado a perecer e transformar-se num episódio depressivo. Neste aspecto, ressalta-se a importância do Arcano XVII, cujo arquétipo sempre protege a alma humana que, espontaneamente debruçada em seus afazeres, não escapa de seu especular mistério, que a obriga a enxergar-se nas águas da vida, ao mesmo tempo em que percebe nelas o reflexo do brilho das estrelas que estão presentes num mundo transcendente, num plano celestial simbolicamente inatingível pela consciência comum, do qual extraímos, entretanto, toda nossa inspiração. Esta, sob forma de intuição e de esperança, atua como fio condutor de nossos passos no caminho da individuação. A alma, diante do espelho, não tem como se furtar à máxima eternizada pelo Oráculo de Delfos (Gnôthi s’autón), que nos desafia a conhecer primeiramente nosso mundo interior, para que possamos só assim compreender os segredos dos homens e dos deuses.
Podemos afirmar com segurança que os mitos não foram primeiramente lidos no céu para daí baixarem à Terra, mas que surgiram do âmago humano, de onde partiram para bordar de histórias e sabedoria o manto celeste, segundo um processo natural de projeção inconsciente. Sabemos também que todos os povos e culturas que desenvolveram ciência astronômica/astrológica puseram na abóbada os elementos necessários à nossa orientação e sobrevivência, de modo a ensinar às gerações vindouras suas verdades milenares, abstraídas de experiência pessoais e coletivas reunidas ao longo da grande epopéia vivida pela espécie humana. Concordantes com esse pensamento, os hermetistas afirmam que os heróis e divindades que encontram representação no céu são testemunho de nossa realidade interior, dotada de potenciais psíquicos genuínos que em nada ficam devendo aos fenômenos que ocorrem em nossa realidade cotidiana e externa.
Grand Jeu de Mlle. Lenormand - Héracles e a Hidra; acima deles a constelação, símbolo da individuação dos heróis.
Grand Jeu de Mlle. Lenormand - Héracles e a Hidra, acima deles a constelação, símbolo da individuação dos heróis.
Mais que isso, podemos considerar que as mitologias, universalmente, assumem os astros como hostes ancestrais que nos olham e nos guiam, simbolizando no plano celeste a individuação plenamente realizada por deuses ou heróis que, antes de nós, já cruzaram com mestria o caminho da existência, vencendo todas as suas particulares missões. Provas disso são infinitas; os planetas todos recebem nomes de deuses seja qual for a cultura que escolhamos estudar. As constelações de Perseu e de Héracles são também exemplos clássicos, e ainda podemos citar tanto o Leão de Neméia como a Hidra de Lerna, monstruosidades derrotadas por Héracles em seus dois primeiros trabalhos, respectivamente associadas às provas iniciáticas do fogo e da água que o herói transpõe. Ambas as bestas se acham projetadas no céu, como se estivessem a nos lembrar perenemente que mesmo os nossos aspectos mais terríveis, sempre que dominados e subjugados por uma consciência transcendente, encontram resolução sublime.
No folclore e na literatura brasileira encontramos semelhante conceito em nosso “herói sem nenhum caráter”, Macunaíma, conforme nos conta Mário de Andrade, que fez com que seu protagonista subisse aos céus em vez de morrer ao fim de sua aventura terrena, transformando-se numa constelação que corresponde à Ursa Maior. Até o famoso samba enredo da Portela imortalizou esta passagem: “Vou-me embora, vou-me embora, eu aqui fico mais não, vou morar no infinito e virar constelação…”.
Nesse sentido, socorrem-nos as mitologias que, sem exceção, consideram impossível o progresso espiritual para a alma que se furta à obrigação maior de conhecer-se. Por isso os mitos propõem que ousemos atravessar em toda sua extensão o mundo trevoso; apenas mediante o sincero mergulho em nosso abismo desconhecido é que poderemos sair renascidos e vitalizados do outro lado. Para tanto, precisamos estar abertos para reconhecer nossos aspectos mais brutos e entregá-los à arte da transmutação alquímica, para que possam ser transformados em algo que nos complemente essencialmente.
Para que logremos êxito ao trilhar aquilo que os místicos denominam de Noite Negra d’Alma, uma austera iniciação absolutamente pessoal, via de regra repleta de situações de tortura psicológica e desespero, é preciso que nos entreguemos confiantes ao processo de morte simbólica que A Lua representa, e que sigamos pela noite sempre mantendo viva a chama da esperança, conforme nos foi confiada pelo Arcano XVII. Isto porque podemos cair em armadilhas próprias e delas depreender em certos momentos obscuros e difíceis da jornada, que tudo pareça mesmo estar perdido, que a própria vida nem tenha sua razão de ser, quando então, somente pelo resgate do foco luminoso de esperança é que voltamos a crer com fé inabalável na verdade do renascimento, na ressurreição da alma, anunciada pelos primeiros raios da aurora.
Arcano XIX - Tarô de Marselha
Arcano XIX - Tarô de Marselha
Afinal, não é outro senão “O Sol”, estrela principal, elemento alquímico de iluminação e transcendência, símbolo do encontro entre a consciência e o inconsciente, quem nos aguarda no Arcano XIX. E a esperança é quem cumpre nos levar até ele. Ela se revela pela luminosidade que trazemos na alma, resgate e reflexo das luzes que intuitivamente sabemos existir no firmamento, morada dos deuses. Isto porque a esperança faz valer a regra cósmica em que semelhante atrai semelhante, de modo que se dirige em busca de uma Luz Maior ao mesmo tempo que se deixa absorver pela experiência de êxtase e iluminação.
Outro sentido que assume a esperança, principalmente em nosso crítico panorama contemporâneo, é o de ser ela a grande guardiã da redenção da humanidade. Não obstante seja a luz protetora da alma em seu aspecto individual, a esperança exerce ainda seu papel mítico arrebatador em caráter coletivo, é ela o elemento capaz de transformar as crises globalizadas de valores que transbordam em nossa sociedade em condições que assinalem novas oportunidades e apontem para saídas originais em meio ao grande impasse da civilização. Presumo que o cenário de nosso mundo nunca tenha se sentido tão carente dessa virtude.
Conta-se que originalmente a raça humana vivia tranqüila e sem guerras, mas quando Pandora, moldada por Zeus a partir de uma nuvem, por curiosidade abriu a jarra que Zeus oferecera-lhe como presente de núpcias entre ela e Epimeteu, dela saíram todas as desgraças; somente a esperança restou presa à borda porque Pandora repusera às pressas sua tampa. Curiosamente, o nome da noiva desastrada se constrói por Pan = todo + dôron = presente. O mito grego nos ensina que todas as vicissitudes da vida, ainda que gerem desespero, são em última análise presentes dos deuses, que brincam de ocultar nas dificuldades da vida as possibilidades de evolução da alma humana em seu natural desígnio de espiritualizar-se. E como não poderia deixar de ser, Zeus entendeu que se retirasse do homem a esperança; ele próprio estaria para sempre perdido, posto que a humanidade encontraria seu fim, o que não lhe permitiria mais se alimentar da dinâmica da vida. Por isso segue o signo: a esperança; e A Estrela nos ensina uma verdade: na alma dos que buscam com justiça ela nunca morre!
Paulo Urban

sábado, 1 de setembro de 2012

Tarot e sua História




(Tarô de Visconti Sforza. Uma versão artística-contemporânea das cartas de Tarô)


O Tarot ou Tarô (português brasileiro) é um jogo de cartas jogado na França e em outros países francófonos, composto por um baralho de 78 cartas. A Fédération Française de Tarot publicou as regras Tarot e sua História oficias do jogo[1]. Jogos da mesma família com diferentes nomes são também jogados em outros países da Europa central — na região da Floresta Negra no sul da Alemanha, Suíça, Áustria, Hungria e no norte da Itália. Desde o século XVIII as cartas passaram a ser usadas para a previsão do futuro e desde fins do século XIX elas integram o cerne do esoterismo moderno juntamente com a Cabala, a astrologia e a alquimia medieval.

 Introdução

As cartas de tarô surgiram entre os séculos XV e XVI no norte da Itália, e foram criadas para um jogo de mesmo nome, que era jogado pelos nobres e pelos senhores das casas mais tradicionais da Europa continental. O tarô (também conhecido como tarot, tarocchi, tarock e outros nomes semelhantes) é caracteristicamente um conjunto de setenta e oito cartas composto por vinte e um trunfos, um Curinga e quatro conjuntos de naipes com quatorze cartas cada — dez cartas numeradas e quatro figuras (uma a mais por naipe que o baralho lusófono).
As cartas de tarô são muito usadas na Europa em jogos de cartas, como o Tarocchini italiano e o Tarô francês. Nos países lusófonos, onde esse jogo é bastante desconhecido, as cartas de tarô são usadas principalmente para uso divinatórios, para o qual os trunfos e o curinga são conhecidos como arcanos maiores e as cinquenta e seis cartas de naipe são arcanos menores. Os significados divinatórios são derivados principalmente da Cabala — vertente mística do judaísmo — e da alquimia medieval.

 Etimologia

A palavra tarô na língua portuguesa (ou em outras línguas: tarot, tarock, tarok, tarocco, tarocchi etc.) não possui uma tradução específica — ninguém sabe ao certo sua real etimologia. Acredita-se que ele possa vir da palavra árabe turuq, que significa "quatro caminhos"[2], ou talvez do árabe tarach[3], que significa "rejeito". Segundo a etimologia francesa, tarot é um empréstimo do italiano tarocco, derivado de tara[4], "perda de valor que sofre uma mercadoria; dedução, ação de deduzir".
O tarô tradicional possui 78 cartas; quando usado para fins divinatórios, cada qual é denominada de arcano, palavra que significa "mistérios ou segredos a serem desvendados" e foi incorporada pelos ocultistas do século XIX.

 História

Os jogos de cartas entraram na Europa no final do século XIV, com os mamelucos da Pérsia[5], cujos jogos tinham naipes muito semelhantes aos naipes latinos italianos e espanhóis: espadas, bastões, copas e ouros (moedas). Embora haja um número significativo de hipóteses para a origem do tarô, as evidências atualmente mostram que os primeiros baralhos foram criados entre 1410 e 1430 em Milão, Ferrara ou Bolonha[6], no norte da Itália, onde cartas de trunfo foram adicionadas aos já existentes baralhos de naipe. Esses novos baralhos foram chamados de carte da trionfi, cartas de triunfo, e as cartas adicionais simplesmente de trionfi, termo que originou a palavra "trunfo" em português. A primeira evidência literária da existência das carte da trionfi foi um registro escrito nos autos da corte de Ferrara, em 1442. As mais antigas cartas de tarô existentes são de quinze baralhos incompletos pintados em meados do século XV para a família governante de Milão, os Visconti-Sforza.

Não há documentos que atestem o uso divinatório do tarô anteriores ao século XVIII, embora se saiba que o uso de cartas semelhantes para tal uso era evidente por volta de 1540. Um livro intitulado Os Oráculos de Francesco Marcolino da Forli apresenta um método divinatório simples usando o naipe de ouros de um baralho comum[7]. Manuscritos de 1735 (O Quadrado dos Setes[8]) e 1750 (Cartomancia Pratesi) documentam o significado rudimentar divinatório das cartas de tarô, bem como um sistema de tirada de cartas. Em 1765, Giacomo Casanova escreveu em seu diário que sua criada russa frequentemente usava um baralho de jogar para ler a sorte[9].

 Os primeiros baralhos: séc. XIV–XV

As cartas de jogar apareceram na Europa cristã por volta de 1367, data da primeira evidência documentada de sua existência — a proibição de seu uso, em Berna, na Suíça. Antes disso, as cartas foram usadas por muitas décadas no Al-Andalus islâmico. As primeiras fontes europeias descrevem um baralho com normalmente cinquenta e duas cartas, como o baralho moderno sem curingas[10]. O tarô de setenta e oito cartas resultou da adição de vinte e um trunfos numerados mais um sem número (o curinga) à variante de cinquenta e seis cartas (quatorze cartas cada naipe)[10].
A expansão do uso dos jogos de cartas na Europa pode ser estimada por volta de 1377[11], a partir de quando as cartas de tarô parecem ter-se desenvolvido por volta de quarenta anos depois, e são mencionadas no que sobreviveu do texto de Martiano da Tortona. Estima-se que o texto tenha sido escrito entre 1418 e 1425, uma vez que o pintor Michelino da Bezzoso retornou a Milão em 1418 e o autor faleceu em 1425.

Da Tortona descreve um baralho semelhante em muitos aspectos às cartas usadas em jogos de tarô, embora o que ele descreve seja mais um precursor do tarô que o que se pode conceber das atuais cartas de tarô. Por exemplo, seu baralho tem apenas dezesseis trunfos, com motivos destoantes aos dos atuais baralhos (lá são deuses gregos), e os quatro naipes são quatro espécies de pássaros, e não os naipes italianos comuns. O que faz do baralho de Tortona mais semelhante ao tarô que os outros baralhos descritos na época é obviamente a presença de cartas de trunfo no conjunto. Cerca de vinte e cinco anos depois, Jacopo Antonio Marcello, um contemporâneo de Da Tortona, denominou-os de ludus triumphorum, ou "jogo dos triunfos"[12].

Le Bateleur ("O Mago") do Tarô de Marselha.

Os documentos seguintes que parecem confirmar a existência de objetos semelhantes a cartas de tarô são dois baralhos milaneses (o Brera-Brambilla e o Tarô Cary-Yale) — fragmentários, infelizmente — e três documentos, todos da corte de Ferrara, na Itália. Não é possível datar os conjuntos de cartas, mas estima-se que tenham sido manufaturados por volta de 1440. Os três documentos datam de 1.º de janeiro de 1441 a julho de 1442, com o termo trionfi registrado pela primeira vez em fevereiro de 1442. O documento de janeiro de 1441, que usa o termo trionfi, não é considerado confiável; contudo, o fato de o mesmo pintor, Sagramoro, ter sido comissionado pelo mesmo patrão, Leonello d'Este — como no documento de fevereiro de 1442 — indica que é ao menos plausível um exemplo do mesmo tipo. Depois de 1442 há uns sete anos sem quaisquer exemplos de material semelhante. O jogo parece ter ganhado importância no ano de 1450, um ano de jubileu na Itália, que presenciou muitas festividades e um grande movimento de peregrinos.

Os motivos especiais das cartas de trunfo, adicionados às cartas de naipe, parecem ter sido ideologicamente determinados. Especula-se que elas tragam um sistema específico que leva mensagens de diferentes conteúdos. Os exemplares mais antigos mostram ideias filosóficas, sociais, poéticas, astronômicas e heráldicas, bem como um grupo de antigos heróis romanos, gregos e babilônicos — como no caso do Tarô Sola-Busca (1491)[13] e no poema do Tarô Boiardo (entre 1461 e 1494). Por exemplo, o tarô mais antigo que se tem notícia, descrito no livreto de Martiano, foi confeccionado para mostrar o sistema de divindades gregas, um tema que estava em moda na Itália. Sua produção pode muito bem ter acompanhado uma celebração triunfal do comissário Filippo Maria Visconti, duque de Milão, significando que o propósito do baralho era expressar e consolidar o poder político em Milão (como era comum para outros artesãos da época). Os quatro naipes traziam quatro pássaros, motivos que frequentemente apareciam na heráldica dos Visconti, e ordem específica dos deuses conotava que o baralho pretendia trazer uma os Visconti se identificavam como descendentes de Júpiter e Vênus (vistos não como deuses mas como heróis deificados).

Os primeiros baralhos conhecidos parecem ter trazido o número padrão de dez cartas de naipe numeradas, mas com apenas reis como figuras, e dezesseis trunfos. O padrão posterior (de quatro naipes com quatorze mais vinte e duas) levou tempo para se estabelecer; baralhos trionfi com setenta cartas só começaram a ser documentados em 1457. Nenhuma evidência corrobora com o formato final de setenta e oito cartas existente antes do poema dos tarocchi Boiardo e Sola Busca.

As mais antigas cartas de tarô existentes são de três conjuntos dos meados do século XV, todos feitos para membros da família Visconti. O primeiro baralho é conhecido como Tarô Cary-Yale (ou Tarô Visconti-Modrone), que foi criado entre 1442 e 1447 por um pintor anônimo para Fillipo Maria Visconti. As cartas (apenas sessenta e seis), estão hoje na Biblioteca da Universidade de Yale, em New Haven. Mas o mais famoso desses baralhos antigos foi pintado em meados do século XV para celebrar o governo de Milão por Francesco Sforza e sua esposa Bianca Maria Visconti, filha do duque Fillipo Maria. Provavelmente, essas cartas foram pintadas por Bonifacio Bembo, mas algumas das cartas foram pintadas por miniaturistas de outra escola. Das cartas originais, trinta e cinco estão na Morgan Library & Museum, vinte e seis na Accademia Carrara, treze estão na Casa Colleoni e duas, 'O Diabo' e 'A Torre', estão perdidas, ou possivelmente omitidas. Este baralho "Visconti-Sforza", que foi bastante reproduzido, combina os quatro naipes de ouros, espadas, copas e paus e as cartas da corte rei, rainha, cavaleiro e valete com cartas de trunfo que refletem a iconografia da época num grau significativo.

Por muito tempo, as cartas de tarô permaneceram um privilégio das classes altas e, embora alguns sermões do século XIV advertissem para o mal existente nas cartas, a maioria dos governos civis geralmente não condenava as cartas de tarô nos seus primórdios. De fato, em algumas jurisdições, as cartas de tarô eram especialmente isentas das leis que proibiam os jogos de cartas.

 Baralhos posteriores: séc. XVI–XX

Como os tarôs antigos eram pintados à mão, estima-se que o número de baralhos produzidos era um tanto pequeno, e foi apenas depois da invenção da imprensa que a produção em massa de cartas se tornou possível.

Durante a fase de produção artesanal das cartas, desenvolveram-se muitas variedades regionais com diferentes sistemas de naipes e também na ordem dos trunfos. Com a expansão do jogo do tarô pela Europa — originalmente um jogo italiano, espalhou-se pelo sul da França, Suíça, Bélgica, sul da Alemanha e pelo então Império Austro-Húngaro — e com a mudança da produção artesanal das cartas para uma produção em grande escala, a produção das cartas passou por um processo de padronização. Assim, antes do século XVIII os fabricantes de cartas italianos já haviam padronizado as figuras representadas nos trunfos — mesmo que elas fossem desenhadas de maneira diferente pelos diferentes fabricantes. Além disso, havia variações regionais nas regras do jogo no que diz respeito à ordem dos trunfos. Até fins do século XVII, o principal centro produtor de cartas era Milão e a partir dessa cidade o jogo expandiu-se para o sul da França e outras regiões. Os tarôs produzidos na França baseavam-se assim no tarô milanês. No fim do século XVII, a indústria de cartas milanesa sofreu um colapso e o tarô vindo do sul da França passou a dominar o mercado de cartas[14].
Vários baralhos sobreviveram desde essa época vindos de várias cidades na França — o mais conhecido deles foi um baralho da cidade de Marselha, e assim denominado Tarô de Marselha. Por volta da mesma época, o termo tarocchi apareceu. Dessa forma o assim chamado tarô de Marselha — por ser produzido nessa cidade — difundiu-se pela Lombardia e influenciou a produção de cartas em outras regiões da Itália e da Europa. Em meados do século XVIII uma versão derivada do tarô de Marselha, o chamado tarô de Besançon, já dominava o mercado de cartas de tarô em todas as parte, exceto nas regiões que hoje formam a Itália e a Bélgica[14].

Os tarôs até então usavam o mesmo sistema de naipes que era na época usado na produção das cartas de baralho comuns — os chamados naipes espanhóis. Em 1470 os fabricantes de cartas franceses desenvolveram o chamado sistema francês, que são os símbolos usados nas cartas de baralho atuais. Esse sistema, mesmo sendo mais simples de imprimir, não se difundiu muito depressa e foi usado primeiramente para os baralhos comuns. Somente por volta de 1750 na Alemanha foram produzidos os primeiros tarôs com naipes franceses e até o pricípio do século XIX já haviam substituído em praticamente toda a Europa os tarôs tradicionais para fins de jogo. Os novos tarôs caracterizam-se por uma maior liberdade na representação dos trunfos: as figuras tradicionais foram substituídos por ilustrações coloridas. Esse tipo de cartas é usado atualmente para o jogo[14].

Sul Italiano
Espanhol
Português
Alemão     Spade
Espadas
Espadas
Schwerter     Coppe
Copas
Copas
Kelche     Ori
Oros
Ouros
Münzen     Bastoni
Bastos
Paus
Stäbe
Naipes do baralho italo-espanhol     Suit Spade.svg     Suit Coppe.svg     Suit Denari.svg     Suit Bastoni.svg
Norte Italiano
Francês
Inglês
Português
Alemão     Picche
Pique
Spades
Espadas
Pik     Cuori
Coeur
Hearts
Copas
Herz     Quadri
Carreau
Diamonds
Ouros
Karo     Fiori
Trèfle
Clubs
Paus
Kreuz

 O jogo de tarô


Um dos usos do baralho de tarô é o jogo de cartas. O jogo de tarô é conhecido sob muitas variações (muitas delas culturais), cujas regras básicas são apresentadas pela primeira vez no manuscrito de Martiano da Tortona antes de 1425[15] (texto traduzido para o inglês). As referências seguintes são de 1637. Na Itália o jogo se tornou menos popular; uma versão, o Tarocco Bolognese: Ottocento conseguiu sobreviver e ainda há outras versões jogadas no Piemonte, mas o número de jogos fora da Itália é bem maior, todos ligados ao nome tarô, na França, e tarock, nos países germânicos e eslavos.

Cartas de tarô para jogar.

Usa-se um baralho de tarô para jogar. Os assim chamados "baralhos esotéricos" geralmente não são ideais para se jogar, porque, por exemplo, faltam símbolos e indicações nas quinas das cartas. Um baralho típico para se jogar é o francês de formato padrão, o chamado Tarot Nouveau, com naipes franceses iguais aos do baralho comum de cinquenta e duas cartas. O baralho Tarot Nouveau apresenta trunfos que trazem cenas tradicionais de atividades sociais da França, em níveis crescentes de prosperidade; isso difere do caráter e da ideologia das cartas dos baralhos italianos como o Tarocco Piemontês ou o Tarocco Bolonhês, ou o Tarô Rider-Waite ou o Tarô de Marselha mais conhecidos da cartomancia.

Outros baralhos de tarô (tarot/tarock/tarocco), populares na Itália, Espanha, Suíça e Áustria, usam os naipes latinos de espadas, bastões, taças (copas) e moedas (outros), ou os naipes alemães de corações, sinos, bolotas e folhas. O caratecteres representados nos trunfos são semelhantes aos encontrados nos tarôs italianos; os baralhos alemães são os que menos tipicamente seguem essas caracterizações.

O baralho de tarô de 78 cartas contém:

    14 cartas cada um dos quatro naipes: 10 cartas numeradas de um (ou ás) a dez, mais as figuras, que no jogo de tarô são quatro: Rei, Dama, Cavaleiro e Valete;

    21 trunfos, conhecidos no tarô esotérico como arcanos maiores, cuja função no jogo é um naipe permanente de trunfos;

    1 carta sem número chamada Curinga, ou o Louco dos baralhos esotéricos, conhecido nos jogos de tarô como a Desculpa, chamada assim porque o jogador pode usá-la como "desculpa" para não seguir o naipe regente da vaza — mas às vezes atua como o trunfo mais forte.

Como certas regiões adotaram jogos de tarô que usam um baralho incompleto, os próprios baralhos se tornaram especializados. Um maço "completo" de tarô como o do jeu de tarot contém todas as 78 cartas e pode ser usado para qualquer jogo do gênero; muitos baralhos de tarock austríacos e húngaros e de tarocco italiano, contudo, apresentam um conjunto menor de cartas adequado somente para jogos dessas regiões particulares.

 O tarô esotérico

O termo tarô esótérico refere-se ao uso das cartas de tarô como parte integrante do ocultismo moderno, juntamente com a astrologia, a alquimia e a cabala.

 História

A primeira grande publicidade acerca do uso divinatório do tarô veio de um ocultista francês chamado Alliette, sob o pseudônimo de "Etteilla" (seu nome ao contrário), que atuou como vidente e cartomante logo depois da Revolução Francesa. Etteilla desenhou o primeiro baralho esotérico, adicionando atributos astrológicos e motivos "egípcios" a várias cartas, elementos alterados do Tarô de Marselha, e incluíndo textos com significados divinatórios escritos nas cartas. Mais tarde Mademoiselle Marie-Anne Le Normand popularizou a divinação durante o reinado de Napoleão I, pela influência que exercia sobre Josefina de Beauharnais, primeira esposa do monarca. Contudo, ela não usava o tarô típico[14].

 Desde então as cartas de tarô são associadas ao misticismo e à magia. O tarô não foi amplamente adotado pelos místicos, ocultistas e sociedades secretas até os séculos XVIII e XIX. A tradição começou em 1781, quando Antoine Court de Gébelin, um clérigo protestante suíço, e também maçom, publicou Le Mond Primitif, um estudo especulativo que incluía o simbolismo religioso e seus remanescentes no mundo moderno[16]. De Gébelin primeiro afirmou que o simbolismo do Tarô de Marselha representava os mistérios de Ísis e Thoth. Gébelin também afirmava que o nome "tarot" viria das palavras egípcias tar, significando "rei, real", e ro, "estrada", e que por conseguinte o tarô representaria o "caminho real" para a sabedoria. Dizia o autor que os ciganos, que estavam entre os primeiros a usar o tarô para uso divinatório, eram descendentes dos antigos egípcios (daí a semelhança entre as palavras gypsy e Egypt, em inglês, mas isso na verdade é um estereótipo para qualquer tribo nômade), e introduziram as cartas na Europa. De Gébelin escreveu esse tratado antes de Jean-François Champollion ter decifrado os hieróglifos egípcios, ou de fato ter sido descoberta a Pedra de Roseta, e, mais tarde, os egiptólogos não encontraram nada que corroborasse a etimologia fantasiosa de Gébelin[14]. Apesar disso, a identificação do tarô com o "Livro de Thoth" já estava firmemente estabelecidas na prática ocultista e segue como uma lenda lenda urbana até os dias de hoje.

A concepção de que as cartas são um código místico foi mais profundamente desenvolvido por Eliphas Lévi (1810-1875) e foi difundida para o mundo pela Ordem Hermética da Aurora Dourada. Lévi, e não Etteilla, é considerado por alguns o verdadeiro fundador das modernas escolas de Tarô. Sua publicação Dogme et Rituel de la Houte Magie ("Dogma e Ritual da Alta Magia"), de 1854, introduziu uma interpretação das cartas que as relacionava com a Cabala Hermética. Enquanto aceitava a origem egípcia do tarô proposta por Court de Gébelin, o autor rejeitava as inovações de Etteilla e seu baralho alterado, e por sua vez delineava um sistema que relacionava o tarô, especialmente o Tarô de Marselha, à Cabala Hermética e aos quatro elementos da alquimia[14].

O tarô divinatório era cada vez mais popular no Novo Mundo a partir de 1910, com a publicação do Tarô de Rider-Waite (elaborado e executado por dois membros da Aurora Dourada), que substituía a tradicional simplicidade das cartas numeradas de naipe por cenas simbólicas. Este baralho também obscureceu as alegorias cristãs do Tarô de Marselha e dos baralhos de Eliphas Lévi mudando alguns atributos (por exemplo trazendo "O Hierofante" no lugar de "O Papa", e "A Alta Sacerdotisa" no lugar de "A Papisa"). O Tarô Rider-Waite ainda é muito popular no mundo anglófono.

Desde então, um número enorme de baralhos diferentes tem sido criado — alguns tradicionais, outros vastamente diferentes. O uso divinatório do tarô, ou como um compêndio simbológico, inspirou a criação de inúmeros baralhos oraculares. São baralhos para inspiração ou divinação contendo imagens de anjos, fadas, deuses, forças da natureza etc. Embora obviamente influenciados pelo tarô, eles não seguem sua estrutura tradicional: algumas vezes omitem ou trocam alguns dos naipes, outras vezes alteram significativamente o número e a natureza dos arcanos maiores.

 Estrutura
O tarô esotérico é constituido de 78 arcanos e se encontra dividido em dois grandes grupos:

 Arcanos maiores
1) Os arcanos maiores possuem 22 símbolos arquetípicos que revelam os estados latentes das ideias e possibilidades da vida, a saber:
    O Mago
    A Sacerdotisa - A Papisa
    A Imperatriz
    O Imperador
    O Papa
    Os Enamorados
    O Carro
    A Justiça
    O Eremita
    A Roda da Fortuna
    A Força
    O Enforcado
    A Morte
    A Temperança
    O Diabo
    A Torre
    A Estrela
    A Lua
    O Sol
    O Julgamento
    O Mundo
    O Louco

 Arcanos menores
2) Os Arcanos menores que expressam os resultados e as formas das ideias, contidos no primeiro conjunto, possui 56 arcanos distribuídos por quatro símbolos básicos: o Naipe de Ouros, o Naipe de Espadas, o Naipe de Copas e o Naipe de Paus. Por sua vez, cada naipe, possui dez arcanos numerados e quatro arcanos com figuras da corte medieval (Valete, Cavaleiro, Rainha, Rei).

 Naipe de ouros
O naipe de ouros está relacionado ao elemento terra, portanto à vida material, às conquistas financeiras, profissionais e a tudo que, enfim, representa aquilo que pode ser tangível em termos materiais. No naipe de ouros existe a possibilidade de se conseguir conquistar a segurança material com trabalho, disciplina e esforço. O ser humano é ambicioso e a ambição tem relação como o naipe de ouros. Outra característica do naipe de ouros é a dedicação, o esforço, o empenho dedicados aos estudos e ao trabalho.

Naipe de Espadas
O naipe de espadas liga-se ao elemento ar e está relacionado ao poder ambivalente da mente e do pensamento.

 Naipe de Copas
No tarô, o naipe de copas é ligado ao elemento água e ao mundo dos sentimentos, sendo o símbolo da taça relacionado ao coração, como receptáculo das nossas emoções.

 Naipe de Paus
O naipe de paus corresponde ao elemento fogo que a tudo transforma sem ser alterado. Representado pelo bastão, está ligado ao fazer e à criatividade.

 Método
A leitura do tarô é executada por meio de uma técnica específica, jogos e métodos a serem estudados. Porém, tem-se observado não ser tão simples jogar o tarô, como o imaginário popular o faz crer. Médiuns, escolhidos ou estudiosos devem seguir um longo estudo para uma leitura séria de tarô, cada qual dentro de seu contexto. Num processo mediúnico, o tarô, seria uma ligação espiritual entre o ser e o plano superior como qualquer outro instrumento o faria, tais como, a cristalomancia ou a piromancia. Por outro lado, existem as técnicas de leitura baseadas numa teoria consistente que, neste caso, serve tanto às leituras quanto à busca por autoconhecimento e o desenvolvimento espiritual.


Texto extraído do  Wikipédia, a enciclopédia livre.

quinta-feira, 1 de março de 2012

NOTÍCIAS DE PESQUISAS SOBRE REIKI.




Pesquisa revela poder da energia liberada pelas mãos.


Energia liberada pelas mãos consegue curar malefícios, afirma pesquisa da USP Um estudo desenvolvido recentemente pela USP (Universidade de São Paulo), em conjunto com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), comprova que a energia liberada pelas mãos tem o poder de curar qualquer tipo de mal estar.


O trabalho foi elaborado devido às técnicas manuais já conhecidas na sociedade, caso do Johrei, utilizada pela igreja Messiânica do Brasil e ao mesmo tempo semelhante à de religiões como o espiritismo, que pratica o chamado “passe”. Todo o processo de desenvolvimento dessa pesquisa nasceu em 2000, como tema de mestrado do pesquisador Ricardo Monezi, na Faculdade de Medicina da USP.


Ele teve a iniciativa de investigar quais seriam os possíveis efeitos da prática de imposição das mãos. “Este interesse veio de uma vivência própria, onde o Reiki (técnica) já havia me ajudado, na adolescência, a sair de uma crise de depressão”, afirmou Monezi, que hoje é pesquisador da Unifesp.


Segundo o cientista, durante seu mestrado foi investigado os efeitos da imposição em camundongos, nos quais foi possível observar um notável ganho de potencial das células de defesa contra células que ficam os tumores. “Agora, no meu doutorado que está sendo finalizado na Unifesp, estudamos não apenas os efeitos fisiológicos, mas também os psicológicos”, completou. A constatação no estudo de que a imposição de mãos libera energia capaz de produzir bem-estar foi possível porque a ciência atual ainda não possui uma precisão exata sobre esse efeitos. “A ciência chama estas energias de ‘energias sutis’, e também considera que o espaço onde elas estão inseridas esteja próximo às frequências eletromagnéticas de baixo nível”, explicou:


As sensações proporcionadas por essas práticas analisadas por Monezi foram a redução da percepção de tensão, do stress e de sintomas relacionados a ansiedade e depressão. “O interessante é que este tipo de imposição oferece a sensação de relaxamento e plenitude. E além de garantir mais energia e disposição.” Neste estudo do mestrado foram utilizados 60 ratos. Já no doutorado foram avaliados 44 idosos com queixas de stress.


O processo de desenvolvimento para realizar este doutorado foi finalizado no primeiro semestre deste ano. Mas a Unifesp está prestes a iniciar novas investigações a respeito dos efeitos do Reiki e práticas semelhantes a partir de abril do ano que vem.



fonte: http://www.rac.com.br/projetos-rac/correio-escola/107097/2011/11/25/pesquisa-revela-poder-da-energia-liberada-pelas-maos.html data: 31/01/2012

Publicado 31 de janeiro de 2012

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

SÍMBOLOS DO REIKI

REIKI


Tema tão comentado, os símbolos usados no Reiki são um tema que gera muita curiosidade entre não-reikianos e discussões entre reikianos. Muitas e diferentes são as opiniões a seu respeito e às vezes podemos nos perder entre as várias abordagens sobre o tema, sem obter uma resposta definitiva. Isto é natural e acredito que, ao longo da leitura, você entenderá porque.
O objetivo deste artigo é informar, esclarecer e desmistificar diversos aspectos relativos a este tema. Foi escrito tanto para iniciados quanto não-iniciados e desejo que seja realmente útil a todos que o lerem. Como é um artigo longo, para facilitar a leitura, eu o dividi nos seguintes tópicos:
  • O que são e para que servem?
  • Os símbolos do Reiki são secretos?
  • A origem dos símbolos
  • São absolutamente necessários?
  • Palavras finais e indicações de leitura

O que são e para que servem?

Os símbolos são usados para aplicar-se Reiki tendo em vista objetivos específicos. Mentalizando-os e entoando seus nomes, o reikiano pode focar a atuação da energia para fins distintos. Dessa forma, cada símbolo possui um uso específico e é usado dependendo do resultado que se espera obter. Tradicionalmente, há quatro símbolos, embora alguns estilos, como o Karuna, o Tera Mai e o Seichim, tenham adicionado muitos outros.


O primeiro símbolo chama-se Chokurei. Este é o símbolo que foca a atuação do Reiki no nível corpo.



O segundo símbolo, chamado Sei He Ki, é o símbolo de cura mental/emocional e é usado para tratar de estados psicológicos, maus hábitos, vícios etc.



O terceiro é o Hon Sha Ze Sho Nen. É o símbolo de cura à distância. É ele que nos permite aplicar Reiki sem estar cara-a-cara com quem o receberá. É também o símbolo que permite enviar Reiki ao passado (para o tratamento de traumas) e para o futuro (para programar Reiki a uma situação futura, como um entrevista de emprego, por exemplo).



O quarto símbolo é o Dai Ko Myo, conhecido como símbolo do mestre. Seu principal uso é a realização de iniciações no Reiki. Também pode ser usado para substituir todos os símbolos anteriores, com o mesmo efeito, como se os unisse. É um símbolo que foca o desenvolvimento espiritual, sendo excelente para a prática da meditação.



Os três primeiros símbolos eram ensinados por Mikao Usui, fundador do Reiki, no Nível 2. Alguns mestres, atualmente, ensinam o primeiro símbolo no Nível 1 e os outros dois no Nível 2. O quarto símbolo é ensinado no Nível 3A.

Claro que este é um resumo dos principais usos dos símbolos. Não haveria espaço neste artigo para descrever todas as suas possibilidades, mesmo porque estas estão em contínuo crescimento, dada a criatividade de muitos reikianos em descobrir novas maneiras de aplicá-los. Como já disse anteriormente no artigo "A Terapia Reiki", o Reiki é muito versátil e seus símbolos não poderiam deixar de sê-lo também!

Os símbolos do Reiki são secretos?

Quando o Reiki começou a ser ensinado no ocidente, no final da década de 30, Hawayo Takata dizia a seus alunos que os símbolos são sagrados e, portanto, secretos. Este ensinamento, porém, é muito questionado atualmente e as evidências levam à conclusão de que é uma inverdade.

Na década de 90, alguns mestres ocidentais de Reiki decidiram investigar suas origens no Japão, afim de esclarecer temas que pareciam obscuros e míticos e obter uma compreensão melhor do Reiki. Entre estes mestres, destaca-se Frank Arjava Petter, que publicou muitas de suas descobertas nos livros O Fogo do Reiki e Reiki – O Legado de Dr. Mikao Usui, os quais recomendo fortemente a todos que se interessam pelo assunto.

Uma das descobertas de Frank Arjava Petter e outros mestres foi a de que, no Japão, os símbolos nunca foram secretos. E de que já eram conhecidos antes de Mikao Usui sequer ter nascido, fazendo parte de tradições religiosas do país. É desta forma que as evidências históricas vão contra o segredo dos símbolos.

É por isso que não faz sentido a animosidade que alguns reikianos demonstram com autores de livros e websites que publicam os símbolos. Os mestres que os “revelaram” a não-iniciados simplesmente o fizeram para desmistificar este engano. Eles simplesmente “revelaram” o que nunca foi verdadeiramente “velado”.

Agora, vamos pensar no raciocínio de que os símbolos devem ser secretos porque são sagrados. Ora, não existe nenhuma relação direta entre sacralidade e secretismo. A cruz é sagrada, assim como o OM, a estrela de seis pontas e tantos outros símbolos que nunca foram secretos. O que é sagrado deve ser respeitado, não necessariamente mantido em segredo. Devemos evitar não o segredo, mas a banalização.

Também convém questionar-se o motivo de se querer manter segredo. Todos sabem que muita gente gosta de estar de posse de um “conhecimento secreto”. Esta posse nos faz sentir parte de uma “elite”, diferente das “massas” e dá uma falsa sensação de poder e superioridade. Isso é puro nonsense e vaidade. Precisamos disso no Reiki? Acredito que não.

Além de tudo isso, há também a questão legal. Para a legislação brasileira, oferecer cura/tratamento usado métodos secretos – inclua símbolos secretos neste caso – é crime de charlatanismo. E o “infrator”, neste caso, o reikiano, pode ser punido com a prisão.

Pode parecer absurdo, mas há lógica nisso. Se eu for a um médico e ele me receitar um remédio, quero ter o direito de perguntar a ele sobre a medicação, seus princípios ativos, sua ação no organismo e possíveis efeitos colaterais. Caso ele não queira me responder nada, certamente ficarei muito desconfiado e acharei seu comportamento anti-ético, para dizer o mínimo.

O mesmo poderia acontecer a uma pessoa que procurasse tratamento com um reikiano e, ao perguntar sobre seus métodos, o terapeuta fizesse segredo, recusando-se a dar as explicações devidas. Se estivesse em seu lugar, eu me sentiria profundamente incomodado. Quem recebe um tratamento, de qualquer espécie, tem o direito de saber como está sendo tratado e porque.

A origem dos símbolos

Uma vez que os símbolos usados no Reiki já eram milenares na época em que Mikao Usui viveu, este dado destrói outro mito que se criou a seu respeito: de que Usui Sensei os descobriu em sutras budistas escritos em sânscrito e que, não sabendo como ativá-los e usá-los, canalizou estas informações quando encontrava-se em meditação profunda no Monte Kurama. Mas se esta não é a sua verdadeira origem, a qual nos foi contada por Hawayo Takata, então, qual é?

O Chokurei, aparentemente, é proveniente do xintoísmo, a religião originária do Japão, antes do budismo e outras religiões se fazerem presentes no país.

O Seiheki, tudo leva a crer, é uma modificação do letra Hrih, do alfabeto sânscrito.

Hon Sha Ze Sho Nen é a junção de 5 kanjis (caracteres japoneses antigos) que poderiam ser encontrados em um dicionário.

Por sua vez, Dai Ko Myo, é a junção de outros 3 kanjis que também poderiam ser encontrados em um dicionário.

Esta prática de misturar vários kanjis parece ser uma prática do budismo mikkyo para se obter símbolos e mantras que evoquem determinadas energias.

Um estudo mais detalhado sobre a origem do Reiki pode ser encontrado no site do Mestre James Deacon.

São absolutamente necessários?

Ainda de acordo com as descobertas que têm sido feitas sobre o Reiki japonês e atualmente ensinadas ao ocidente, surgiu a informação de que os símbolos talvez não sejam realmente absolutamente necessários.

Aparentemente, os símbolos foram uma das últimas adições de Mikao Usui ao Reiki, que pessoalmente não os utilizava. Estas informações contrariam a visão de que o fundamento do Reiki está nestes símbolos.

Dois fatos consubstanciam estas informações:

  • Das técnicas japonesas originais de Reiki, ensinadas por Mikao Usui, nenhuma faz uso de símbolos;
  • Há estilos japoneses de Reiki que não os utilizam.

Isto leva à conclusão de que o poder do Reiki não vem dos seus símbolos. Isto, na verdade, deveria soar bastante óbvio. Afinal, o poder curativo do Reiki vem da própria energia vital universal. Símbolos apenas representam objetivos específicos do uso desta energia e auxiliam a mente do reikiano a se focar neles.

Parece que Mikao Usui decidiu introduzir os símbolos no seu método porque alguns de seus alunos sentiam dificuldade em usar o Reiki para fins específicos, como cura à distância ou tratamentos de maus hábitos. Para facilitar seu aprendizado, escolheu símbolos já existentes que pudessem auxiliar seus alunos a focar suas mentes nestas aplicações.

Uma interpretação, portanto, é a de que os símbolos funcionam como as rodinhas que acoplamos à bicicleta quanto estamos aprendendo a andar nela. Uma vez que se aprender a andar de bicicleta, as rodinhas podem ser dispensadas.

Isso não quer dizer que os símbolos sejam inúteis. Ao contrário, são excelentes para meditação, para tratamentos e possuem usos muitos amplos e diversificados. Mas estas informações aqui citadas ajudam a compreender que não devemos nos apegar a eles, pois devemos ter em mente que eles não são o segredo que faz o Reiki funcionar.

Palavras finais e sugestões de leitura

Aqui foram abordados alguns aspectos gerais e importantes sobre os símbolos do Reiki. Muito ainda poderia ser dito, principalmente sobre suas diversas aplicações, pois este é um tema extenso. Mais a respeito você pode encontrar em diversos livros e sites. Vou indicar alguns:

Livros











Sites

International Center for Reiki Training

Reiki Plain and Simple

James Deacon´s Reiki Pages

Este foi escrito por Gabriel Meissner, cujo endereço encontra-se embaixo, para conhecer o site basta clicar.

Referência: http://vidaemharmonia.blogspot.com/2007/05/os-smbolos-do-reiki-parte-2.html


OS CINCO PRINCÍPIOS DO REIKI



Go-kai 五戒 & Kotodama 言 靈

"No Japão acredita-se que as palavras tenham vida e Kotodama expressa esse conceito. O primeiro ideograma(Kanji) da esquerda para direita 言(iu) significa palavra e a segunda靈(rei) significa dama, que coincidentemente é o mesmo ideograma(Kanji) Rei, em Reiki, que significa alma, espírito ou poder miraculoso.

Os povos antigos do Japão acreditavam nesse poder e por esse motivo eram cautelosos ao conversar e emitir afirmações. Acreditavam que as palavras podiam trazer fortuna ou desgraça.

Ainda hoje algumas palavras são evitadas, dependendo das circunstâncias. Por exemplo, o número 4 pode ser lido yon ou shi, mas muitas vezes os japoneses preferem o yon ao shi, porque shi também significa morte na língua japonesa. Palavras como finalizar, cortar ou quebrar são evitadas em cerimônias de casamento para que não tragam má sorte aos noivos.

"Os nossos ancestrais japoneses usavam o poder do "Kotodama" de forma intencional para mudar o ambiente, eventos e circunstâncias, e da mesma forma, estes ancestrais eram cautelosos em falar de forma imprudente." Tadao Sensei

Usui Sensei criou "Os Cinco Princípios" baseado na filosofia de que palavras sábias ao serem proferidas podem trazer equilíbrio para nossas vidas. Observou que as mesmas pessoas que haviam se curado com ele, voltavam na mesma condição de miséria, quando não buscavam a cura do espírito. Por isso na introdução aos Cinco Princípios do Reiki ele acrescentou: O método secreto para atrair felicidade; a medicina espiritual para todas as enfermidades, orientando os praticantes do Reiki a entoá-los todas as manhãs e noites.

Os Cinco Princípios são considerados, no Reiki Tradicional, um elemento muito importante e imprescindível na prática diária de todos aqueles que desejam harmonia e equilíbrio em suas vidas. Ao entoá-los, estaremos utilizando o poder dessas palavras para que se manifestem em nossas vidas, trazendo-nos equilíbrio e felicidade. Seus versos são simples, mas carregam um significado profundo, que nos levam à reflexões sobre os temas neles citados.


Kyo dake ---------wa 今日丈けは -------- Só por hoje: -------- Just for today

Ikaruna na
-------- 怒るな -------- Não se zangue -------- Do not be angry

Shinpai suna
-------- 心配すな------- Não se preocupe -------- Do not be worried

Kansha shite
-------- 感謝して -------- Seja grato -------- Be grateful

Gyo o hagueme
-------- 業をはけめ -------- Cumpra com seus deveres -------- Do your duties

Hito ni shinsetu ni
-------- 人に親切に -------- Seja gentil com todos-------- Be kind to others


De manhã e à noite, com as mãos em oração, invoque com o coração e entoe estas palavras em voz alta.Usui Reiki, é um método de tratamento para o aperfeiçoamento do corpo e da mente. O seu fundador, Mikao Usui utilizou esta técnica cotidianamente e promoveu a cura largamente em todos os seres.

Saudações Reikianas!


Referência: http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6888749973402702177